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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Etapas para a reconstrução total da mama

Sempre que nos deparamos com uma paciente que será submetida a uma mastectomia (retirada da glândula mamária) é importante que a orientemos sobre as expectativas em relação às etapas que serão necessárias para que a reconstrução da mama seja finalizada.

Bem, mas afinal, o que é que eu quis dizer com isso?

OK, vamos lá!

A maioria das mulheres que nos foram encaminhadas pelos médicos mastologistas para procedermos à reconstrução da mama foram pegas de surpresa pela doença. Geralmente, do dia para a noite, suas vidas foram viradas de cabeça para baixo. A família e os amigos são envolvidos neste drama e, do nada, uma série de atitudes têm que ser tomadas para organizarem suas vidas frente a este novo e cruel desafio.

Para vencê-lo, terão que procurar uma equipe médica que lhes seja de confiança, consultar seus seguros e planos de saúde para terem tranqüilidade sobre as burocracias envolvidas, planejarem a vida dos filhos, repensarem a relação afetiva, repensar a auto-imagem e a auto-estima, enfim segurar uma montanha de problemas para por a cabeça no lugar!

Quando encontram um mastologista que irá tratar sua doença e estabelecem uma relação médico-paciente de confiança e segurança, este irá lhes encaminhar para o cirurgião plástico com o qual trabalha para que elas, pacientes, discutam as possibilidades para a reconstrução da mama (fig 1).

Fig 1
Fig. 1 












Paciente mastectomizada

Aí então, o cirurgião plástico chega e lhes diz que a reconstrução envolve mais de uma etapa cirúrgica! Puxa, mais um problema para enfrentar? O que é que isso significa? “Pensava que tudo podia ser refeito de uma vez só” – nos dizem nossas pacientes muitas vezes.

Certo! Vamos tentar esclarecer então! A reconstrução da mama é uma cirurgia de caráter reparador. Um órgão, a mama, é extirpado e, de alguma forma, o cirurgião plástico irá refazê-lo, ou reconstruí-lo, como habitualmente dizemos. De fato, a reconstrução da mama não é finalizada em uma única cirurgia apenas! Seja lá qual for o método empregado (uso de prótese de silicone ou uso de tecidos do próprio organismo), em geral, teremos os seguintes passos:

1ª cirurgia - reconstrução da mama sem mamilo ou aréola, muitas vezes com um formato diferente da outra mama que permaneceu (fig 2).

Fig2
Fig. 2 











Mama normal com volume maior e aspecto caído em relação a mama reconstruída

Isso ocorre, pois na maioria das vezes não é adequado fazer uma nova mama com o mesmo formato da que ficou, seja por ela estar muito caída ou por ser muito grande ou pequena.

Após esta etapa, nos casos em que a mama é reconstruída no mesmo momento da mastectomia, as pacientes serão submetidas à quimioterapia seguida ou não de radioterapia. Somente após o término destas etapas, complementares ao tratamento cirúrgico, é que as pacientes poderão voltar à reconstrução.

2ª cirurgia – simetrização das mamas (da normal com a reconstruída). Desta vez, o plástico irá fazer uma cirurgia na mama normal para deixá-la num formato mais empinado, semelhante ao da mama reconstruída (fig 3). Ainda não podemos reconstruir o mamilo, pois o formato final se dará após 8 a 12 semanas.

Fig3
Fig. 3











Após a plástica da mama normal para igualar com a mama reconstruída

3a cirurgia – após este período podemos proceder à reconstrução do mamilo (fig 4).

Fig4
Fig. 4













Mamilo reconstruído

4ª etapa - cerca de 2 a 3 meses depois é que a paciente será submetida à reconstrução da aréola, ou seja, daquela pele mais escura ao redor do mamilo, podendo ser feita com enxerto de pele ou com tatuagem (fig 5).

Fig5
Fig. 5 

 

 

 

 

 

 

Aréola e mamilo tatuados

Se juntarmos todas as etapas da reconstrução aos tratamentos complementares( quimio e radioterapia), teremos o seguinte planejamento:

- cerca de 12 a 15 meses para tudo estar finalizado nas pacientes submetidas à reconstrução imediata (pois terão que pará-la para proceder à quimio e radioterapia ( quando necessário) ou;

- cerca de 6 a 8 meses naquelas pacientes que deixaram para reconstruir a mama tardiamente. Não podemos esquecer que estas pacientes ficaram cerca de 8 a 12 meses sem a mama para se submeteram à quimio e radioterapia (total = 14 a 20 meses em média – um dos motivos que faz da reconstrução imediata a melhor opção).

Para encorajar e colocar as minhas pacientes perante a realidade dos fatos eu tenho por hábito comparar este tempo da reconstrução ao período em que um jovem se prepara para ingressar numa faculdade após o término do 2º grau. A cada passo, algo a mais estará sendo acrescentado, tanto para a cura da doença, quanto para o restabelecimento da auto-estima da mulher para, ao final deste período, ter recobrado totalmente sua paz e confiança no dia a dia.

sábado, 3 de julho de 2010

Exercícios Após a Reconstrução da Mama nas Pacientes Com Câncer de Mama

Estive lendo a Folha de São Paulo de hoje (03/07/2010) e, no caderno Cotidiano, tem uma matéria muito interessante a respeito de exercícios para pacientes que são submetidas à retirada da mama devido ao câncer. Ela relata os resultados obtidos através de um levantamento de diversos trabalhos científicos sobre o assunto. A conclusão do levantamento é que os exercícios devem começar a partir de 3 dias após a mastectomia. Existe uma ressalva de que os exercícios seguem um roteiro básico, mas que algumas etapas podem ser personalizadas para pacientes que foram submetidas à reconstrução mamária no mesmo momento da mastectomia.

Em seguida, citam uma opinião do Dr. Américo Marques, diretor do Instituto Levitas e respeitado cirurgião plástico aqui em São Paulo, reconhecido também em todo o Brasil pela nossa comunidade por sua participação em congressos e trabalhos científicos. O Dr. Américo Marques é da opinião de que a cicatrização só começa a ter um grau moderado de estabilização entre 7 a 15 dias e que algum tipo de mobilização só deve começar a partir do 15º. dia de pós-operatório.

Bem, a citação do Dr. Américo na matéria, remete-me ao final do ano de 1992 quando eu estava no Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica na cidade de Porto Alegre (cada ano é em uma cidade grande do Brasil, sempre no mês de novembro). Estava eu no final do último ano da minha residência médica em cirurgia plástica e, como é de hábito entre nós, prestando as provas para adquirir o título de Especialista em Cirurgia Plástica, o qual é concedido sempre nesse congresso. No exame oral, tive a honra de ser entrevistado pelo Dr. Américo, tendo ele focado as perguntas no tema da reconstrução mamária.

Sem saber que o futuro iria me reservar o prazer e a honra de trabalhar no Hospital Pérola Byington em São Paulo (“Hospital da Mulher”), nesta área da reconstrução mamária, a partir de 1998, eu fui respondendo às perguntas formuladas pelo Dr Américo e, ao final, por ter cursado minha residência num ótimo serviço de cirurgia plástica (Hospital dos Defeitos da Face – SP) e por ter me preparado para a ocasião, conquistei o almejado título desde então!

Vendo hoje a matéria no jornal, lembrei-me desses acontecimentos e estou aproveitando para tecer meus comentários sobre o tema, pois afinal, já estou com uma experiência acumulada de 12 anos nesta área. A reconstrução mamária no mesmo momento da mastectomia é um procedimento mundialmente aceito, baseado em premissas cientificamente comprovadas, desde o final dos anos 80. A reconstrução imediata, como é chamada, não compromete o tratamento para o câncer de mama. Porém, nos primeiros dias após a cirurgia, há uma tendência do acúmulo de líquidos tanto na área reconstruída quanto nas áreas que porventura tenham servido como doadoras de tecidos (abdômen, tórax posterior ou região abaixo da axila). Devido a isso, as pacientes saem da cirurgia com drenos nestas regiões. Estes são mantidos por 3 a 7 dias em média, sendo retirados após este período. Quando ocorre a retirada dos drenos, ainda há a produção deste líquido (denominamos “líquido seroso”). Por sua vez, os tecidos da região passam a absorvê-lo e, na maioria dos casos, não há acúmulo dele nas regiões.

Contudo, estimulando-se a movimentação, ocorrerá uma maior formação de “líquido seroso”, podendo ocasionar muito inchaço na região, além da compressão dos tecidos, eventuais aberturas de pontos, facilidade para ocorrência de infecções e etc. Frente a isso, tenho a mesma opinião do Dr. Américo e não me sinto inclinado a estimular a movimentação tão precocemente, sendo que, nas pacientes nas quais utilizo tecidos das “costas” para a reconstrução imediata, gosto de sugerir inclusive o uso de tipóias simples feitas de faixas crepe ou de lenços de pescoço ou cabelo, para que o braço do lado da reconstrução seja mantido em repouso por uns 7 a 15 dias. Aí sim recomendo exercícios específicos como citados na matéria da Folha.

E, por fim, caso você leitor seja assinante do jornal ou do site universo online – WWW.uol.com.br – você pode ver a matéria no endereço: HTTP://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/761349-exercicio-logo-apos-cirurgia-ajuda-operadas-de-cancer-de-mama.shtml

Por hoje é isso!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Rejuvenescimento de Face e Pescoço

Manter a aparência jovial da nossa face e pescoço envolve uma série de cuidados na rotina do dia a dia. O uso de hidratante, protetor solar e cosmético de boa qualidade, são conselhos básicos que sempre devem ser seguidos para prevenirmos e retardarmos o envelhecimento da nossa pele.

Outras medidas se tornam necessárias quando temos que lidar com as inevitáveis “ruguinhas” e depressões que aos poucos vão surgindo:

- preenchimentos com ácido hialurônico ou outras possíveis substâncias para o tratamento do “bigode chinês”, das ruguinhas ao redor da boca ou das depressões no canto dos lábios;

- utilização da toxina botulínica para suavizar as rugas das expressões faciais, principalmente na “testa” e nos “pés-de-galinha”;

- utilização de cremes com alguns tipos de ácidos para recuperar a lisura da pele e promover a eliminação de manchas, o que pode ser feito em casa com o uso diário ou em consultório através dos “peelings”. A utilização de vários tipos de laser também faz parte das técnicas para atingir estes objetivos.

Brigitte Bardot















(Brigitte Bardot)
Apesar do apelo da nossa cultura para este tipo de atitude, muitas vezes nos deparamos com pessoas, inclusive famosas, que optam por deixar a natureza executar seu papel, ostentando os sinais do tempo, marcados de forma inexorável.
Sophia Loren
(Sophia Loren)
Outras pessoas, porém, preferem se valer dos meios para manter e/ou recuperar a aparência bela e jovial.

Este arsenal de opções que a “cosmeatria” oferece(também popularmente chamada “medicina estética”) não será o foco deste texto que aqui lhes apresento. Pretendo com ele, discorrer sobre alguns detalhes da cirurgia para o rejuvenescimento da face e do pescoço.

Os recursos da “cosmeatria” servem especificamente para tratar a superfície externa da pele. Por sua vez, a cirurgia irá se direcionar para a reorganização das estruturas profundas da face que, com o tempo e a força da gravidade, desceram para outras posições.

Esta cirurgia tem como meta a retirada dos excessos de pele da face, do pescoço e das pálpebras, assim como o reposicionamento das “maçãs do rosto” (regiões malares), a eliminação daquele “degrau” que surge no contorno da mandíbula, a retirada da “papada” abaixo do queixo, a correção do olhar e da boca com ares tristes... enfim, corrigir aquelas alterações que o tratamento da pele por si só não dá conta(fig 1). fig 1

A cirurgia é iniciada com as incisões (cortes) junto à parte anterior da orelha circundando-a para trás e, em seguida, soltamos a pele das regiões marcadas (fig 2). fig 2

Com isso, poderemos tratar as estruturas mais profundas da “bochecha”, da “maçã do rosto” (região malar) e do pescoço para posicioná-las mais para cima.

Terminadas estas etapas, passamos à tração (“puxada”), retirada dos excessos de pele e aos pontos de fechamento (fig 3). fig 3

 

Em seguida, faremos as mesmas manobras no lado oposto da face e, por fim, corrigiremos as pálpebras. Em algumas pacientes, poderemos fazer pequenas correções no nariz e também colocação de implante de silicone no “queixo” nos casos em que ele é pouco pronunciado (fig 4). fig 4

 

A paciente ficará então com curativo ao redor da face. No dia seguinte, ainda no hospital, o curativo será trocado. A alta hospitalar será dada e o retorno ao consultório será 2 a 3 dias depois (fig 5). fig 5

 

A cirurgia, por incrível que pareça, não causa dores. Os inchaços vão aos poucos cedendo. Manchas roxas que porventura surjam, vão sumindo até uns 15 dias. O retorno ao trabalho, em média, poderá ser após 15 a 21 dias. Ao final, o contorno facial rejuvenescido será restabelecido, proporcionando grande melhora na aparência (fig 6). fig 6

Cremes hidratantes são recomendados desde o início do pós-operatório. A drenagem linfática começará após 1 semana. A realização de “peelings” e o uso de BOTOX® poderá ser indicado, conforme as particularidades de cada paciente, após 3 a 4 semanas.

Também é importante mencionar que a cirurgia costuma ser recomendada dos 45 aos 55 anos pela primeira vez e em torno dos 65 aos 70 pela segunda vez