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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Que tal mudarmos o nome da Lipoaspiração para Adipócito-aspiração?

 

No jornal Folha de São Paulo de 06/05/2011 há uma matéria da jornalista Iara Biderman a respeito de uma pesquisa científica publicada no periódico “Obesity”.

Os autores da pesquisa mostram que, após um ano, a gordura retirada das coxas durante uma sessão de lipoaspiração volta a se acumular na parte superior do abdômen e dos braços.

Em 06/08/2010 escrevi neste meu Blog sobre o mesmo tema, porém com outro enfoque. Para relembrar, assinalei que a gordura sob a nossa pele está armazenada dentro de células especializadas chamadas adipócitos. Estas células têm uma grande capacidade de ter o seu tamanho aumentado em várias vezes, conforme a quantidade de gordura se acumula devido aos excessos alimentares e/ou sedentarismo.

Se algum local do contorno corporal de uma pessoa tem um desenho indesejado devido a um acúmulo de gordura regional, na verdade o que se tem a mais não é bem a gordura, mas sim os adipócitos que a acumulam. Se não houvesse esse número aumentado destas células, não haveria o aumento de volume da região. Para que as deformidades não ocorram, muita gente adota regimes espartanos de ginástica e alimentação.

Portanto quando dizemos que vamos fazer uma retirada cirúrgica de gordura através de aspiração, o que se convencionou chamar de lipoaspiração, estaremos fazendo a retirada de adipócitos, juntamente com a gordura que eles contêm, com o intuito de mudar a forma e o volume indesejado.

Até então, essa pessoa mantinha um peso dentro de um limite que não alterava tanto a região com tendência a se deformar, por exemplo, os culotes. Vamos então chamar a região com gordura sobrando de “termômetro inconsciente do peso”. Qualquer aumento de peso será detectado por um aumento de gordura nesta região quando a pessoa se olha no espelho. Após a lipo, a pessoa perde este parâmetro ao qual estava habituada a “ver” seu peso, ou seja, seu desenho ou silhueta.

O esforço que até então era feito para manter-se num peso onde o acúmulo de gordura não aparecesse tanto, após a cirurgia não será mais necessário.

Conseqüentemente, aquela feijoada ou pizza, por exemplo, que traziam tantas preocupações e culpas, não serão mais notadas no “termômetro inconsciente do peso”, pois ele não mais existe.

Sem perceber, a pessoa pode comer um pouco a mais e sem culpa, pois não ocorrerá mais o acúmulo localizado de gordura. Porém, comendo em maior quantidade, logicamente todo o corpo armazenará mais gordura e, conseqüentemente, o peso irá aumentar.

O rosto magro, o bumbum menos saliente e as mamas menores ou um pouco flácidas, aos poucos vão aumentar, pois não haverá mais o incômodo que a deformidade causava.

Portanto, o importante é entender que a nova silhueta não se deformará para o que era antes da lipo, caso a pessoa engorde. Teremos com isso causado a possibilidade de um “conforto para se alimentar”, pois as deformidades foram eliminadas pela lipo .

Podemos então até pensar em sugerir uma mudança no nome da cirurgia, pois isto poderia colocar o conceito que ela carrega em seu devido lugar!

É claro que isso não irá acontecer, pois além do termo lipoaspiração estar consagrado na cultura popular, ele é bem mais charmoso e compreensível do que adipócito-aspiração!

Por hoje é isso!

Dr Edmilson Micali

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