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sábado, 27 de novembro de 2010

O Limite Sutil entre a Alteração Estética e a Perda do Bom Senso – Transtorno Dismórfico Corporal

 

Em mais uma tarde de atendimento em meu consultório, recebi a jovem e bela paciente com 19 anos, acompanhada do namorado, estudante de computação, também novo e “bem apessoado”, ambos simpáticos e educados. Ela, aluna de medicina, fora para mim encaminhada por um amigo meu, professor de ginecologia da escola médica em que ela estava estudando.

Ao iniciarmos nossa entrevista, notei que ela se tornou um pouco tensa, passando a “desfiar um rosário” de reclamações sobre a aparência das suas mamas. Segundo seu relato, “eram caídas, moles e com os mamilos tortos e grandes”, apesar de nunca ter dado à luz. Além do que, queixava-se que elas não lhe preenchiam o “colo”, coisa que conseguia apenas com o uso de soutien com “bojo”, etc, etc e etc...

Como ela estava de camiseta justa, ao ouvi-la, passei os olhos pela sua silhueta, mas não consegui nenhuma pista. O namorado ao seu lado, impassível o tempo todo, apenas a observava. Ela, por sua vez, prosseguia em seu discurso, um tanto quanto angustiada.

Diante da futura colega de profissão, para mim, a riqueza e precisão dos detalhes na descrição das suas “frustrações anatômicas” faziam parte dos jargões e frases às quais estamos habituados no meio médico e, com atenção, fui fazendo as anotações no seu prontuário

Quando achei que era o momento, pedi a ela que se encaminhasse à sala de exame e tirasse a parte de cima de sua roupa. À sua chamada fui vê-la e, imediatamente, surpreendido pelo inesperado. Suas mamas eram perfeitas!!!! Em todos os aspectos! Não dava para criticarmos nada: formato, tamanho, mamilos, aréolas e posição no tórax. As proporções em ralação ao seu peso e altura eram um modelo de perfeição. Tudo estava de acordo com o que a cirurgia plástica e a moda atual ditam em relação à estética mamária.

Tomei o cuidado para não demonstrar minha surpresa, pois pressenti que eu estava diante de um caso não tão comum na nossa rotina, mas não tão incomum que quase nunca pudesse aparecer. O mais inusitado da história é que era uma médica! Estudante ainda, mas já praticante da medicina no hospital escola da sua faculdade.

Pois bem! Qualquer falta de tato da minha parte poderia interferir na relação médico-paciente e dificultar ainda mais a abordagem nesse tipo de situação, pois a jovem poderia sentir-se desrespeitada em seu sofrimento, mesmo que aos olhos da maioria ele não devesse existir.

Foi quando me dei conta que a resignação do namorado vinha de um sentimento de “batalha inútil”, que ele já deveria vir travando há muito tempo, para tentar convencê-la de que as mamas eram perfeitas.

Passei então a mostrar a ela desenhos da anatomia mamária na tela do computador, além de fotos de modelos e fotos de pacientes minhas já operadas. Fui lhe relatando os parâmetros que nós, cirurgiões plásticos, utilizamos para entender o que é belo e adequado do ponto de vista estético. Percebi que ela estava de pleno acordo, mas quando voltávamos ao seu caso, novamente a auto-imagem não lhe agradava.

Tentei mais duas ou três vezes convencê-la que uma suposta melhora com a cirurgia apenas acarretaria em cicatrizes, sem levar a nenhum ganho real, visto que nada havia para se modificar. Tudo em vão! A cada nova argumentação, notava um semblante de esperança em seu namorado, mas que logo se dissipava quando eu voltava objetivamente ao caso dela.

Não vislumbrando mais nada que a pudesse demover da idéia fixa, achei por bem ir direto ao assunto e lhe disse: “Acredito que você esteja apresentando o que chamamos de transtorno dismórfico corporal”. “Sugiro que você procure um psiquiatra para uma boa avaliação e possível tratamento, o qual, provavelmente, será conduzido com sessões de psicoterapia!” Com firmeza, posicionei-me! Indiquei para ela um amigo psiquiatra e lhe sugeri que se empenhasse nisso antes de voltar a mim ou de ir a algum outro cirurgião.

Seu namorado, instintivamente, deu um suspiro de alívio! Ela, por sua vez, finalmente cedeu a esta minha última argumentação e à espontaneidade do parceiro. Confessou-me que, de fato, sempre fora exigente demais com sua aparência. Relatou-me que diariamente freqüentava academia de ginástica e que não passava uma semana sequer sem comparecer a uma clínica de estética!

O casal então se levantou e nos despedimos com a sensação que estávamos fazendo o melhor. Uma pontinha de dúvida em sua expressão ainda lhe escapava ao olhar! Mas, creio que sua formação médica ajudou-a a tocar adiante.

Não tive mais notícias dela. Talvez tenha seguido meus conselhos, talvez não! De qualquer forma, dormi com minha consciência tranqüila!

Dessa vez as coisas foram bem durante toda a consulta, mas nem sempre é assim. Por vezes, quando apontamos o problema psicológico, somos obrigados a ouvir desaforos ou somos tratados com desdém.

Pacientes assim acabam “pulando” de consultório em consultório e terminam vítimas de um problema psicológico que não foi bem encaminhado. Às vezes se submetem a diversas cirurgias e, por fim, adquirem verdadeiras deformidades. Aí sim, incorrigíveis!

Exemplos assim de pessoas famosas não nos faltam: Michael Jackson deve ser o mais conhecido!

Michael Jackson 2

Mickey Rourke também nos é familiar.

Mickey Rourke 2  Mickey Rourke

Hoje na Folha de São Paulo, esse tema foi muito bem abordado pela jornalista Juliana Vines, que nos apresentou inclusive a foto da “socialite” americana Jocelyn Wildenstein, a “mulher gato” (fotos abaixo). Claro que não por ser personagem do filme do Batman, mas sim pela aparência a que chegou devido a inúmeros procedimentos cirúrgicos e cosmiátricos.

Nsses casos mais “escrachados” identificamos facilmente o transtorno dismórfico. São pacientes bem raras! Por outro lado, os casos menos acentuados, como esta paciente que mencionei, são mais comuns, porém sutis e, às vezes, por uma crença de que possamos ser mais exímios do que a natureza já bem desenhou, acabamos por operá-las! Quanto arrependimento nessas horas! Quando isso ocorre temos pela frente um problema cuja tendência é o crescimento e a frustração de ambas as partes. Uma verdadeira “bola de neve”! Esse tipo de paciente, com problema mais psicológico do que estético, nunca estará satisfeita!

Concluimos então que nada melhor que o tempo e a experiência que ele nos trás! Nos casos em que percebemos esse distúrbio e contra-indicamos uma cirurgia, não só estaremos fazendo uma boa medicina como também protegendo nosso nome no mercado de trabalho!

E, caso vocês queiram dar uma olhada na matéria da Folha, aí vai o link! Por hoje é isso!

Dr Edmilson Micali

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2611201001.htm487 mulher gato

Jocelyn Wildenstein, a “mulher gato”

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Retirada Parcial da Mama Devido a Tumor em Fase Inicial

 

Muitas das mulheres que desenvolvem câncer de mama são diagnosticadas num momento inicial da doença. A intenção, aliás, é que as pacientes com esta patologia comecem o tratamento nesta fase: quando o tumor está pequeno, pois as seqüelas causadas pela sua retirada serão menores. Além do quê, as possibilidades de cura são mais garantidas.

A retirada do tumor mamário neste estágio pode ser chamada de setorectomia ou quadrantectomia. Retira-se, em média, em torno de 1/6 a ¼ da glândula mamária.

As pacientes submetidas a esta cirurgia precisarão complementar o tratamento com radioterapia e quimioterapia. A primeira sempre!

Semelhante ao que ocorre quando se remove toda a mama (mastectomia), a maioria das pacientes têm as famosas dúvidas: “a reconstrução imediata irá prejudicar o restante do tratamento? As outras fases do tratamento irão comprometer os resultados alcançados pela reconstrução imediata?”

Volto a insistir: a reconstrução imediata da mama não interfere no restante do tratamento para o câncer! Mesmo que se necessite de radioterapia e quimioterapia, a reconstrução, no momento da retirada do tumor, não mudará o resultado do tratamento contra o câncer.

Por sua vez, a radioterapia poderá causar alguma mudança na aparência da reconstrução! Você poderá me perguntar: “como assim?“

Irei lhe explicar com calma! A radioterapia consiste na aplicação de um tipo de radiação no local onde estava a lesão, com o intuito de “queimar” eventuais células tumorais que estejam na região mamária e que passaram incólumes à retirada parcial da glândula. Esta irradiação poderá causar modificação temporária ou perene da coloração da pele, alteração da consistência da mama (um pouco de endurecimento), contraturas de cápsula quando usamos próteses de silicone, contraturas cicatriciais, etc...

A maioria destas alterações normaliza depois de poucos meses após o término da radioterapia. A mama endurecida volta à maciez habitual, assim como a coloração. Às vezes, alguns pontos rígidos podem persistir, ou uma prótese colocada tem que ser reposicionada devido a alguma mudança de posição.

Porém, nenhum desses problemas se compara às dificuldades que encontramos na reconstrução tardia! Todo o processo de cicatrização que ocorre irá impedir que possamos reproduzir as condições dos tecidos da região como eram no mesmo dia em que a quadrantectomia foi realizada, ou seja, os tecidos estarão retraídos e desviados por conta da cicatrização! Por mais que retirarmos e soltarmos estas aderências, nunca será a mesma coisa quando do momento da extirpação tumoral! Dificilmente conseguiremos dar o mesmo resultado que poderíamos ter dado no dia da retirada do tumor.

Portanto, sempre que possível, tanto na mastectomia quanto na quadrantectomia, os resultados da reconstrução serão melhores se procedermos a ela de imediato!

Até a próxima!

Dr Edmilson Micali

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ginecomastia


Trata-se do aumento das glândulas mamárias no sexo masculino. A ginecomastia pode ser acompanhada também de acúmulo de gordura na região, assim como por flacidez e/ou excesso de pele, além de alterações no tamanho das aréolas e dos mamilos em alguns casos. (fig 1).

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As causas para esta deformidade são variadas: alterações hormonais; uso crônico de alguns medicamentos; uso crônico de drogas como a maconha e o álcool, etc. Na grande maioria das  vezes a causa é desconhecida e, esporadicamente, os casos menores podem regredir espontaneamente. Alguns pacientes podem apresentar dor e desconforto na região, além do incômodo estético.

A análise das mamas pelo ultrassom é necessária para definir que tecido o paciente terá em excesso: ou tecido gorduroso, ou tecido glandular ou uma mistura de ambos. Muitas vezes, podemos definir isso na palpação durante o exame físico. Por outro lado, semelhante ao que ocorre nas mulheres, as glândulas mamárias masculinas também podem apresentar cistos ou nódulos que, caso ocorram, precisam ser submetidos a uma pesquisa diagnóstica antes de operarmos o paciente, para avaliarmos a possibilidade de doença maligna, que é bastante rara nos homens, mas possível de acontecer.

Bem, após essas considerações, caso prevaleça o tecido gorduroso, o tratamento será por lipoaspiração somente. Se prevalecer o tecido glandular, o tratamento será através da retirada cirúrgica. Se ambos os tecidos estiverem aumentados, faremos o uso tanto da lipo como da retirada cirúrgica.

O tratamento para a correção da ginecomastia pode ser realizado a partir da adolescência. A cicatriz é colocada na metade inferior das aréolas, na transição entre a pele escura e a pele clara. Através desta cicatriz fazemos a retirada do excesso da glândula mamária (fig 2).

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  Ao final da cirurgia são colocados drenos, os quais serão retirados após 24 a 72 horas (fig 3). Nos pacientes que necessitarem apenas da lipo, não será necessário o uso de drenos.

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No pós-operatório, as dores são poucas e utilizamos apenas analgésicos comuns. Desde o início, é necessário o uso de cinta elástica no tórax durante 30 a 45 dias para evitar grandes inchaços e acúmulo de líquidos abaixo da pele (Fig 5).

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O retorno às atividades de trabalho se dará com 5 a 7 dias. Com 15 dias, o paciente pode voltar a praticar exercícios leves como caminhada. Com cerca de 30 dias, é possível o retorno gradual à prática de exercícios localizados para a região peitoral. Como na maioria das cirurgias plásticas, as drenagens linfáticas são indicadas.

Ao final, teremos então o retorno da aparência masculina para a região mamária (fig 6).

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Até o próximo!!!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lipoaspiração – “Se eu não controlar o peso a gordura que foi retirada voltará?”

Olá pessoal! Vou discorrer um pouco a respeito desta dúvida que eu coloquei no título, pois ela é freqüente no dia a dia de um cirurgião plástico.

Começarei dando explicações sobre alguns conceitos básicos que temos que levar em conta para podermos compreender a lipoaspiração.

Bem, por todo o nosso corpo temos a pele e, abaixo dela, a camada de gordura, a qual terá diferenças conforme a região. A gordura sob a pele da palma das mãos, da planta dos pés e da região glútea, está adaptada para receber o peso do nosso corpo e não é adequada para ser lipoaspirada. Ela é uma gordura que está organizada no formato de pequenas “bolotinhas” (+ ou – 0,5 cm de diâmetro) que servem como amortecedores para estas regiões de apoio. Na face, a disposição é um tanto quanto parecida, assim como nas pernas e nos braços. Em todas estas áreas, a gordura tem apenas uma camada basicamente.

Já no tronco, tanto no tórax quanto no abdômen e nas costas, com facilidade podemos observar nos nossos estudos anatômicos que a gordura se divide em duas camadas: a camada de baixo está rente aos músculos, tem uma consistência mais mole e é responsável pela maior ou menor flacidez. Ela tem cerca de metade da espessura total da gordura. A camada superior, que fica rente à pele, tem uma consistência mais firme e tem a função de nos proteger do frio e do calor. Na lipoaspiração, habitualmente retiramos toda a camada inferior.

O que vai definir se teremos mais gordura ou não numa região é a quantidade de células com a capacidade de armazená-la, as quais são chamadas de “adipócitos”. Esta quantidade de “adipócitos” se define até a adolescência, e está diretamente ligada à quantidade e tipo de alimentação que temos desde o nascimento até esta fase, além de fatores genéticos e hormonais.

Para ilustrar, vamos imaginar duas pessoas com o mesmo tipo físico e o mesmo peso, além de bem parecidas, como vemos nos gêmeos idênticos. Uma delas, porém, tem um pouco de gordura a mais nos culotes, enquanto a outra tem os culotes com um desenho adequado e sem exageros. Isso significa que a pessoa com o culote aumentado tem mais “adipócitos” nesta região do que a outra e, portanto, terá um acúmulo de gordura nesta região causando diferenças entre as duas pessoas. Se fizermos uma lipoaspiração deixaremos o seu culote com um desenho atraente, pois teremos retirado a gordura excedente através da eliminação dos “adipócitos” que estavam a mais. Como eles não irão retornar, pois no adulto não ocorre multiplicação destas células, mesmo que a pessoa engorde como um todo, não ocorrerá alteração do desenho do culote como haveria antes da lipo.

Para acrescentar, vale a pena ressaltar que quando uma pessoa se submete a uma lipo é porque alguma região com gordura a mais está incomodando. Até então, essa pessoa mantinha um peso dentro de um limite que não alterava tanto a região deformada pelo acúmulo. Vamos então chamar esta região com gordura sobrando de “termômetro inconsciente do peso da pessoa”. Qualquer aumento de peso será detectado por um aumento de gordura nesta região. Após a lipo, a pessoa perde este parâmetro ao qual estava habituada a “ver” seu peso.

Como em muitos casos havia um esforço da pessoa para manter-se num peso onde o acúmulo não aparecia tanto, agora que ele não existe mais ela pode “relaxar” um pouco o esforço que fazia para manter-se mais magra.

Conseqüentemente, aquela feijoada ou pizza, por exemplo, que traziam tantas preocupações e culpas, não serão mais notadas no “termômetro”, pois ele não mais existe. O rosto magro, o bumbum menos saliente e as mamas menores ou um pouco flácidas, aos poucos vão aumentando, pois, sem perceber, a pessoa vai comer um pouco a mais sem ocorrer o acúmulo localizado que foi eliminado pela lipo. Conseqüentemente o peso pode subir após a cirurgia sem a pessoa perceber e, se for importante diminuí-lo, assim o será feito. O importante então é entender que o novo desenho não se deformará mais caso a pessoa engorde ou emagreça.

Por hoje é isso!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Etapas para a reconstrução total da mama

Sempre que nos deparamos com uma paciente que será submetida a uma mastectomia (retirada da glândula mamária) é importante que a orientemos sobre as expectativas em relação às etapas que serão necessárias para que a reconstrução da mama seja finalizada.

Bem, mas afinal, o que é que eu quis dizer com isso?

OK, vamos lá!

A maioria das mulheres que nos foram encaminhadas pelos médicos mastologistas para procedermos à reconstrução da mama foram pegas de surpresa pela doença. Geralmente, do dia para a noite, suas vidas foram viradas de cabeça para baixo. A família e os amigos são envolvidos neste drama e, do nada, uma série de atitudes têm que ser tomadas para organizarem suas vidas frente a este novo e cruel desafio.

Para vencê-lo, terão que procurar uma equipe médica que lhes seja de confiança, consultar seus seguros e planos de saúde para terem tranqüilidade sobre as burocracias envolvidas, planejarem a vida dos filhos, repensarem a relação afetiva, repensar a auto-imagem e a auto-estima, enfim segurar uma montanha de problemas para por a cabeça no lugar!

Quando encontram um mastologista que irá tratar sua doença e estabelecem uma relação médico-paciente de confiança e segurança, este irá lhes encaminhar para o cirurgião plástico com o qual trabalha para que elas, pacientes, discutam as possibilidades para a reconstrução da mama (fig 1).

Fig 1
Fig. 1 












Paciente mastectomizada

Aí então, o cirurgião plástico chega e lhes diz que a reconstrução envolve mais de uma etapa cirúrgica! Puxa, mais um problema para enfrentar? O que é que isso significa? “Pensava que tudo podia ser refeito de uma vez só” – nos dizem nossas pacientes muitas vezes.

Certo! Vamos tentar esclarecer então! A reconstrução da mama é uma cirurgia de caráter reparador. Um órgão, a mama, é extirpado e, de alguma forma, o cirurgião plástico irá refazê-lo, ou reconstruí-lo, como habitualmente dizemos. De fato, a reconstrução da mama não é finalizada em uma única cirurgia apenas! Seja lá qual for o método empregado (uso de prótese de silicone ou uso de tecidos do próprio organismo), em geral, teremos os seguintes passos:

1ª cirurgia - reconstrução da mama sem mamilo ou aréola, muitas vezes com um formato diferente da outra mama que permaneceu (fig 2).

Fig2
Fig. 2 











Mama normal com volume maior e aspecto caído em relação a mama reconstruída

Isso ocorre, pois na maioria das vezes não é adequado fazer uma nova mama com o mesmo formato da que ficou, seja por ela estar muito caída ou por ser muito grande ou pequena.

Após esta etapa, nos casos em que a mama é reconstruída no mesmo momento da mastectomia, as pacientes serão submetidas à quimioterapia seguida ou não de radioterapia. Somente após o término destas etapas, complementares ao tratamento cirúrgico, é que as pacientes poderão voltar à reconstrução.

2ª cirurgia – simetrização das mamas (da normal com a reconstruída). Desta vez, o plástico irá fazer uma cirurgia na mama normal para deixá-la num formato mais empinado, semelhante ao da mama reconstruída (fig 3). Ainda não podemos reconstruir o mamilo, pois o formato final se dará após 8 a 12 semanas.

Fig3
Fig. 3











Após a plástica da mama normal para igualar com a mama reconstruída

3a cirurgia – após este período podemos proceder à reconstrução do mamilo (fig 4).

Fig4
Fig. 4













Mamilo reconstruído

4ª etapa - cerca de 2 a 3 meses depois é que a paciente será submetida à reconstrução da aréola, ou seja, daquela pele mais escura ao redor do mamilo, podendo ser feita com enxerto de pele ou com tatuagem (fig 5).

Fig5
Fig. 5 

 

 

 

 

 

 

Aréola e mamilo tatuados

Se juntarmos todas as etapas da reconstrução aos tratamentos complementares( quimio e radioterapia), teremos o seguinte planejamento:

- cerca de 12 a 15 meses para tudo estar finalizado nas pacientes submetidas à reconstrução imediata (pois terão que pará-la para proceder à quimio e radioterapia ( quando necessário) ou;

- cerca de 6 a 8 meses naquelas pacientes que deixaram para reconstruir a mama tardiamente. Não podemos esquecer que estas pacientes ficaram cerca de 8 a 12 meses sem a mama para se submeteram à quimio e radioterapia (total = 14 a 20 meses em média – um dos motivos que faz da reconstrução imediata a melhor opção).

Para encorajar e colocar as minhas pacientes perante a realidade dos fatos eu tenho por hábito comparar este tempo da reconstrução ao período em que um jovem se prepara para ingressar numa faculdade após o término do 2º grau. A cada passo, algo a mais estará sendo acrescentado, tanto para a cura da doença, quanto para o restabelecimento da auto-estima da mulher para, ao final deste período, ter recobrado totalmente sua paz e confiança no dia a dia.

sábado, 3 de julho de 2010

Exercícios Após a Reconstrução da Mama nas Pacientes Com Câncer de Mama

Estive lendo a Folha de São Paulo de hoje (03/07/2010) e, no caderno Cotidiano, tem uma matéria muito interessante a respeito de exercícios para pacientes que são submetidas à retirada da mama devido ao câncer. Ela relata os resultados obtidos através de um levantamento de diversos trabalhos científicos sobre o assunto. A conclusão do levantamento é que os exercícios devem começar a partir de 3 dias após a mastectomia. Existe uma ressalva de que os exercícios seguem um roteiro básico, mas que algumas etapas podem ser personalizadas para pacientes que foram submetidas à reconstrução mamária no mesmo momento da mastectomia.

Em seguida, citam uma opinião do Dr. Américo Marques, diretor do Instituto Levitas e respeitado cirurgião plástico aqui em São Paulo, reconhecido também em todo o Brasil pela nossa comunidade por sua participação em congressos e trabalhos científicos. O Dr. Américo Marques é da opinião de que a cicatrização só começa a ter um grau moderado de estabilização entre 7 a 15 dias e que algum tipo de mobilização só deve começar a partir do 15º. dia de pós-operatório.

Bem, a citação do Dr. Américo na matéria, remete-me ao final do ano de 1992 quando eu estava no Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica na cidade de Porto Alegre (cada ano é em uma cidade grande do Brasil, sempre no mês de novembro). Estava eu no final do último ano da minha residência médica em cirurgia plástica e, como é de hábito entre nós, prestando as provas para adquirir o título de Especialista em Cirurgia Plástica, o qual é concedido sempre nesse congresso. No exame oral, tive a honra de ser entrevistado pelo Dr. Américo, tendo ele focado as perguntas no tema da reconstrução mamária.

Sem saber que o futuro iria me reservar o prazer e a honra de trabalhar no Hospital Pérola Byington em São Paulo (“Hospital da Mulher”), nesta área da reconstrução mamária, a partir de 1998, eu fui respondendo às perguntas formuladas pelo Dr Américo e, ao final, por ter cursado minha residência num ótimo serviço de cirurgia plástica (Hospital dos Defeitos da Face – SP) e por ter me preparado para a ocasião, conquistei o almejado título desde então!

Vendo hoje a matéria no jornal, lembrei-me desses acontecimentos e estou aproveitando para tecer meus comentários sobre o tema, pois afinal, já estou com uma experiência acumulada de 12 anos nesta área. A reconstrução mamária no mesmo momento da mastectomia é um procedimento mundialmente aceito, baseado em premissas cientificamente comprovadas, desde o final dos anos 80. A reconstrução imediata, como é chamada, não compromete o tratamento para o câncer de mama. Porém, nos primeiros dias após a cirurgia, há uma tendência do acúmulo de líquidos tanto na área reconstruída quanto nas áreas que porventura tenham servido como doadoras de tecidos (abdômen, tórax posterior ou região abaixo da axila). Devido a isso, as pacientes saem da cirurgia com drenos nestas regiões. Estes são mantidos por 3 a 7 dias em média, sendo retirados após este período. Quando ocorre a retirada dos drenos, ainda há a produção deste líquido (denominamos “líquido seroso”). Por sua vez, os tecidos da região passam a absorvê-lo e, na maioria dos casos, não há acúmulo dele nas regiões.

Contudo, estimulando-se a movimentação, ocorrerá uma maior formação de “líquido seroso”, podendo ocasionar muito inchaço na região, além da compressão dos tecidos, eventuais aberturas de pontos, facilidade para ocorrência de infecções e etc. Frente a isso, tenho a mesma opinião do Dr. Américo e não me sinto inclinado a estimular a movimentação tão precocemente, sendo que, nas pacientes nas quais utilizo tecidos das “costas” para a reconstrução imediata, gosto de sugerir inclusive o uso de tipóias simples feitas de faixas crepe ou de lenços de pescoço ou cabelo, para que o braço do lado da reconstrução seja mantido em repouso por uns 7 a 15 dias. Aí sim recomendo exercícios específicos como citados na matéria da Folha.

E, por fim, caso você leitor seja assinante do jornal ou do site universo online – WWW.uol.com.br – você pode ver a matéria no endereço: HTTP://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/761349-exercicio-logo-apos-cirurgia-ajuda-operadas-de-cancer-de-mama.shtml

Por hoje é isso!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Rejuvenescimento de Face e Pescoço

Manter a aparência jovial da nossa face e pescoço envolve uma série de cuidados na rotina do dia a dia. O uso de hidratante, protetor solar e cosmético de boa qualidade, são conselhos básicos que sempre devem ser seguidos para prevenirmos e retardarmos o envelhecimento da nossa pele.

Outras medidas se tornam necessárias quando temos que lidar com as inevitáveis “ruguinhas” e depressões que aos poucos vão surgindo:

- preenchimentos com ácido hialurônico ou outras possíveis substâncias para o tratamento do “bigode chinês”, das ruguinhas ao redor da boca ou das depressões no canto dos lábios;

- utilização da toxina botulínica para suavizar as rugas das expressões faciais, principalmente na “testa” e nos “pés-de-galinha”;

- utilização de cremes com alguns tipos de ácidos para recuperar a lisura da pele e promover a eliminação de manchas, o que pode ser feito em casa com o uso diário ou em consultório através dos “peelings”. A utilização de vários tipos de laser também faz parte das técnicas para atingir estes objetivos.

Brigitte Bardot















(Brigitte Bardot)
Apesar do apelo da nossa cultura para este tipo de atitude, muitas vezes nos deparamos com pessoas, inclusive famosas, que optam por deixar a natureza executar seu papel, ostentando os sinais do tempo, marcados de forma inexorável.
Sophia Loren
(Sophia Loren)
Outras pessoas, porém, preferem se valer dos meios para manter e/ou recuperar a aparência bela e jovial.

Este arsenal de opções que a “cosmeatria” oferece(também popularmente chamada “medicina estética”) não será o foco deste texto que aqui lhes apresento. Pretendo com ele, discorrer sobre alguns detalhes da cirurgia para o rejuvenescimento da face e do pescoço.

Os recursos da “cosmeatria” servem especificamente para tratar a superfície externa da pele. Por sua vez, a cirurgia irá se direcionar para a reorganização das estruturas profundas da face que, com o tempo e a força da gravidade, desceram para outras posições.

Esta cirurgia tem como meta a retirada dos excessos de pele da face, do pescoço e das pálpebras, assim como o reposicionamento das “maçãs do rosto” (regiões malares), a eliminação daquele “degrau” que surge no contorno da mandíbula, a retirada da “papada” abaixo do queixo, a correção do olhar e da boca com ares tristes... enfim, corrigir aquelas alterações que o tratamento da pele por si só não dá conta(fig 1). fig 1

A cirurgia é iniciada com as incisões (cortes) junto à parte anterior da orelha circundando-a para trás e, em seguida, soltamos a pele das regiões marcadas (fig 2). fig 2

Com isso, poderemos tratar as estruturas mais profundas da “bochecha”, da “maçã do rosto” (região malar) e do pescoço para posicioná-las mais para cima.

Terminadas estas etapas, passamos à tração (“puxada”), retirada dos excessos de pele e aos pontos de fechamento (fig 3). fig 3

 

Em seguida, faremos as mesmas manobras no lado oposto da face e, por fim, corrigiremos as pálpebras. Em algumas pacientes, poderemos fazer pequenas correções no nariz e também colocação de implante de silicone no “queixo” nos casos em que ele é pouco pronunciado (fig 4). fig 4

 

A paciente ficará então com curativo ao redor da face. No dia seguinte, ainda no hospital, o curativo será trocado. A alta hospitalar será dada e o retorno ao consultório será 2 a 3 dias depois (fig 5). fig 5

 

A cirurgia, por incrível que pareça, não causa dores. Os inchaços vão aos poucos cedendo. Manchas roxas que porventura surjam, vão sumindo até uns 15 dias. O retorno ao trabalho, em média, poderá ser após 15 a 21 dias. Ao final, o contorno facial rejuvenescido será restabelecido, proporcionando grande melhora na aparência (fig 6). fig 6

Cremes hidratantes são recomendados desde o início do pós-operatório. A drenagem linfática começará após 1 semana. A realização de “peelings” e o uso de BOTOX® poderá ser indicado, conforme as particularidades de cada paciente, após 3 a 4 semanas.

Também é importante mencionar que a cirurgia costuma ser recomendada dos 45 aos 55 anos pela primeira vez e em torno dos 65 aos 70 pela segunda vez

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cicatrizes

     Toda lesão na nossa pele ocasionará uma cicatriz, que será mais ou menos visível dependendo de muitos fatores. Um dos mais relevantes é o fator racial. Os negros e os orientais têm uma tendência maior a terem cicatrizes escuras e/ou “grossas”.

     As cicatrizes da nossa pele passam por diferentes fases. No início apresentam-se avermelhadas e endurecidas. Na maioria das vezes ocorre coceira e, em alguns casos, os pacientes podem referir dor ou um pouco de anestesia no local. Aos poucos estas sensações vão cedendo, a consistência da pele vai voltando ao normal, assim como a sua cor. Este retorno à normalidade varia entre 12 a 18 meses. Em alguns pacientes esta recuperação é mais rápida.

     Enquanto a coloração da cicatriz estiver alterada, desaconselhamos que se tome sol no local, pois ele pode torná-la definitivamente escurecida e marcada. Por isso, o uso de protetor solar sempre é recomendado.

     Em cicatrizes que começam a engrossar, o tratamento compressivo com malhas ou placas de silicone pode ser necessário. Estas cicatrizes são chamadas hipertróficas.

     A persistência de um aspecto “engrossado” pode requerer um retoque cirúrgico da cicatriz. Nestes casos, muitas vezes se faz necessária a chamada “Beta-terapia”. Deve ser iniciada de 1 a 2 dias depois do retoque cirúrgico. Geralmente são 10 sessões durante 2 semanas. Este tratamento consiste em um tipo de radioterapia que só atinge a espessura da pele, com a intenção de diminuir a produção de tecido colágeno, que é o que “endurece e engrossa” a cicatriz..

     Já as chamadas cicatrizes quelóides atingem uma minoria de pessoas. São cicatrizes muito grossas que ultrapassam os limites da lesão inicial. O tratamento se faz da mesma maneira que já foi citado: ressecção da cicatriz, Beta-terapia e compressão. A infiltração de medicamentos chamados corticóides pode ser útil.  

     Em relação à coloração, naquelas cicatrizes que permanecem finas e discretas, porém  muito claras, a pigmentação com técnica de maquiagem definitiva tem muito bom resultado. Cicatrizes que permanecem escuras podem ser tratadas com diversos cremes, gel e loções orientados por dermatologista, se necessário. 

Algumas outras peculiaridades sobre cicatrizes:

  • Cirurgias de rejuvenescimento facial raramente apresentam quelóide ou cicatriz mais grossa, mesmo em pacientes que tenham tendências a má cicatrização.
  • A região do ombro, da “canela”, laterais das coxas e bem no meio do tórax, são áreas que têm propensão a formarem cicatriz mais grossa.
  • Na cirurgia estética do nariz, mesmo se houver alguma cicatriz por fora do nariz, elas não são notadas.
  • As lipoaspirações apresentam cicatrizes de 0,5 a 1 cm que são colocadas em dobras de pele ou em regiões abaixo das roupas usuais.

     Cuidados com a hidratação da pele e eventualmente drenagem linfática também colaboram com a boa cicatrização.

Câncer de Mama - Diagnóstico Precoce e Reconstrução Mamária

As alterações nas glândulas mamárias que necessitam de reconstruções pela cirurgia plástica podem decorrer de diversos motivos:

  • seqüelas de traumas (Ex: queimaduras),
  • doenças congênitas (desenvolvimento anormal e/ou desigual das mamas)
  • pacientes submetidas a mastectomias devido ao câncer de mama.

Sobre o câncer de mama, no Brasil, ele acomete cerca de 50.000 mulheres por ano. Graças à ampla divulgação da importância da sua detecção precoce, cada vez mais as mulheres  procuram tratamento nas fases iniciais da doença. Esse comportamento tem trazido um aumento da sobrevida das pacientes, assim como uma diminuição das seqüelas causadas pelas cirurgias.

Em pacientes com esta doença, a cura pode envolver várias etapas:

  • quimioterapia e /ou radioterapia,
  • retirada cirúrgica somente do nódulo maligno ou,
  • retirada de uma parte da mama – quadrantectomia ou,
  • retirada de toda a glândula mamária - mastectomia.

Estas opções de tratamento irão depender tanto do tamanho como do tipo do tumor encontrado. Sendo assim, o diagnóstico precoce é de suma importância. Ele irá possibilitar não só a cura da doença, assim como menores seqüelas estéticas para as pacientes. Sob o ponto de vista da cirurgia plástica, nossa atuação será a de reparar as deformações mamárias decorrentes da retirada destes tumores.

Para isso, várias técnicas para reconstrução podem ser utilizadas. Dependendo de algumas características de cada paciente, podemos utilizar tecidos do abdômen, tecidos das “costas” ou próteses de silicone.
Assim sendo, o desafio do cirurgião plástico é poder proporcionar equilíbrio e beleza à(s) mama(s) reconstruída(s), conferindo às suas pacientes condições para manterem sua imagem preservada e, conseqüentemente, sua auto-estima.

Lembretes antes da sua cirurgia

  • Deve-se manter jejum total (inclusive de água) por 8 horas antes da cirurgia.
  • Pelo menos 1 semana de abstinência alcoólica.
  • O ideal é que se suspenda o cigarro por pelo menos 30 dias antes da cirurgia.
  • Evitar o uso de AAS, Aspirina e medicamentos anticoagulantes por 15 dias antes da cirurgia.
  • Evitar o uso de Gincobiloba por 15 dias antes da cirurgia.
  • Deve-se informar ao médico sobre todos os medicamentos que se use rotineira ou esporadicamente.
  • Informar também sobre possíveis alergias.
  • Nunca utilize drogas ílicitas, portanto sempre informe ao médico caso tenha feito uso.

Dia da Cirurgia

O “Antes”

     Pela manhã, ao acordar no dia da operação, tome um banho relaxante, não só para sua pele ficar limpa, mas também para combater o “stress”. Porém, não se esqueça que você não deve chegar com os cabelos molhados à sala de cirurgia.
     Outro cuidado importante é não utilizar esmalte nas unhas, pois para se monitorar a quantidade de oxigênio do seu organismo, o anestesista utiliza uma espécie de “dedal” em uma das mãos ou pés. Por sua vez, a leitura que o “dedal” capta é justamente através das unhas que, se estiverem pintadas, impedirão esta avaliação que é de suma importância. Portanto, para se evitar que você chegue ao hospital e tenha que remover o seu esmalte com pressa e sem cuidado, danificando assim as suas unhas, faça isso em casa um dia antes!
     Lembre-se também de chegar ao Hospital com 90 minutos de antecedência, pois assim você terá tempo para fazer sua internação e estar pronta para receber a equipe cirúrgica em seu quarto um pouco antes de ir para o centro cirúrgico.
Neste momento, o cirurgião conversará com você e com os seus familiares, dirimindo as últimas dúvidas. Fará então algumas marcações na sua pele com caneta apropriada, as quais servirão de parâmetros para o andamento da cirurgia. Em seguida, o anestesista lhe dará uma medicação sedativa para que você vá bem relaxada para o centro cirúrgico.
     Ao chegar à sala de cirurgia você será posta na mesa cirúrgica e o anestesista irá puncionar (“pegar”) uma de suas veias para administrar soro e medicamentos. A anestesia (geral, peridural ou sedativa) é feita logo a seguir e você estará pronta para iniciarmos sua operação.

O “Durante”

     A cirurgia passa então a se desenrolar. Durante o ato, você estará sendo assistida pelo cirurgião e sua equipe, assim como pelo anestesista e pela enfermagem da sala operatória. Todos os parâmetros como oxigenação do sangue, batimentos cardíacos, movimentos respiratórios e diurese serão monitorados para que você esteja segura e a cirurgia seja bem conduzida. Ao término, você será assistida até recobrar todas as condições e aí ser levada ao seu quarto para junto de seus familiares.

O “Depois”

     A sensação de sono irá lhe acompanhar por algumas horas. Em relação à dor, a maioria das pacientes não se queixa, pois utilizamos analgésicos e antiinflamatórios que aliviam os inchaços e dores.
     A alta hospitalar será dada entre 12 a 24 horas na maioria dos casos, exceto naqueles poucos em que o procedimento foi maior, nos quais ela será dada com 36 a 48 horas. Você então receberá a receita das medicações a serem tomadas em casa e as orientações em relação aos primeiros 2 ou 3 dias seguintes referentes à alimentação, banho, atividades físicas, manuseio de drenos, cintas elásticas, curativos e contato com a equipe médica.
     Após esse breve período, os retornos para curativos, retiradas de pontos e drenos no consultório serão iniciados. Nestes primeiros dias é importante que a paciente repouse, mesmo não sentindo nenhum grande desconforto. Esforços e movimentos bruscos podem causar rompimento de pontos, inchaço em excesso, sangramentos e dores. Por sua vez, caminhadas leves dentro de casa são recomendadas.
     Na eventualidade de qualquer dúvida, a equipe cirúrgica deve ser contatada. A segurança que a paciente precisa ter no pós-operatório está diretamente vinculada à presteza da equipe e a precisão de informações.

Primeiras consultas

     A primeira consulta com o Cirurgião Plástico é tão importante quanto a cirurgia em si!
     Nesta entrevista o médico e a paciente irão se conhecer. Por seu lado, o médico irá lhe perguntar o que a está incomodando, qual sua opinião e expectativa quanto ao resultado e quais as informações que você já tem sobre o assunto.
     Sabendo dos seus anseios e expectativas e a examinando com cuidado, ele irá orientá-la quanto ao resultado que será obtido. Também estará atento, mapeando sua saúde, em busca de possíveis alterações que precisem de tratamento ou avaliações de outros especialistas, antes de submetê-la a uma cirurgia.
     Além das informações trocadas, serão pedidos exames gerais (sangue, RX de tórax e eletrocardiograma), e também exames específicos, caso necessário.
Da sua parte, você estará num momento onde todas as suas dúvidas devem ser esclarecidas. Neste contato, além das informações que você precisa, é muito importante que você sinta confiança no profissional, além de segurança e clareza nas explicações que ele lhe dá.