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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Toxina Botulínica – Rugas Faciais

A Toxina Botulínica tornou-se um procedimento do dia a dia do consultório do cirurgião plástico, desde a primeira metade da década de 1990.

Na cirurgia plástica, ela é utilizada para suavizar as rugas de expressão na lateral dos olhos (pés de galinha), na testa, ao redor da boca e no pescoço. Em outras especialidades, como neurologia, por exemplo, seu uso é voltado para diminuir contraturas musculares patológicas, salivação excessiva, excesso de sudorese e etc.

A duração do seu efeito varia de 3 a 6 meses, e quanto mais vezes as aplicações são feitas, mais tempo duram os resultados.

Na cirurgia para rejuvenescimento facial, o tratamento das rugas na região da testa aumenta o tempo operatório e o tamanho das áreas dissecadas durante a cirurgia. A aplicação da toxina botulínica, evita que a cirurgia seja tão extensa, devendo apenas ser renovada assim que os efeitos começarem a diminuir e as rugas de expressão voltarem a surgir.

A aplicação é pouco dolorosa, pois as agulhas utilizadas são muito finas. Para melhorar este aspecto, podemos inclusive utilizar anestésicos locais injetáveis ou na forma de cremes antes da aplicação.

Bem programada as aplicações, os efeitos são naturais e animadores, conferindo um aspecto de rejuvenescimento sem maiores contratempos como inchaços em excesso ou grandes hematomas. No mesmo dia da aplicação, é possível participar de eventos sociais ou de trabalho. Três dias depois os efeitos se instalam e os pacientes já irão colher os primeiros elogios, na forma de comentários, como por exemplo:

- Nossa! Você está com uma expressão de felicidade, parece mais jovem! O que foi que você fez?

Por hoje é isso!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alterações Mamárias Congênitas e do Desenvolvimento 1 - Mamas Extranumerárias

      Quando nos reportamos ao tema “reconstrução mamária”, quase sempre pensamos em mulheres que são vítimas do câncer de mama e das possíveis mutilações a ele associadas. Porém, outros problemas podem afetar as mamas, fazendo com que as mulheres ou homens que são acometidos, necessitem de procedimentos de reconstrução desta região.
      Os “brotos” mamários surgem entre a 7ª e a 12ª semana de vida intra-uterina (desde a concepção). Como podemos ver na figura abaixo, as glândulas mamárias podem surgir em qualquer ponto das linhas que vão desde as axilas até a região da “virilha”. Isto serve tanto para os homens como para as mulheres.


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      Sabemos do nosso dia-a-dia que as mamas nos seres humanos surgem habitualmente na região da parede torácica anterior. Porém, podemos encontrar pacientes que desenvolvem glândulas fora desta posição habitual em algum local sobre o traçado destas linhas de desenvolvimento.
      Geralmente, são glândulas atrofiadas e que não atingem o formato nem o tamanho das mamas habituais. Os mamilos e aréolas são mínimos ou nem aparecem, na maioria dos casos. Além do incômodo estético que podem causar, em geral, nas mulheres ocorre dolorimento e inchaço destas glândulas extranumerárias no período menstrual.
      Não há evidência de aumento da incidência de câncer de mama nas pacientes que apresentam este distúrbio, porém, como nas mamas normais, pode ocorrer câncer neste tecido. O tratamento desta condição consiste na retirada desta glândula adicional.
      O pós-operatório é tranquilo.
      Em geral, volta-se ao trabalho após 7 a 10 dias!



Dr Edmilson Micali

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Que tal mudarmos o nome da Lipoaspiração para Adipócito-aspiração?

 

No jornal Folha de São Paulo de 06/05/2011 há uma matéria da jornalista Iara Biderman a respeito de uma pesquisa científica publicada no periódico “Obesity”.

Os autores da pesquisa mostram que, após um ano, a gordura retirada das coxas durante uma sessão de lipoaspiração volta a se acumular na parte superior do abdômen e dos braços.

Em 06/08/2010 escrevi neste meu Blog sobre o mesmo tema, porém com outro enfoque. Para relembrar, assinalei que a gordura sob a nossa pele está armazenada dentro de células especializadas chamadas adipócitos. Estas células têm uma grande capacidade de ter o seu tamanho aumentado em várias vezes, conforme a quantidade de gordura se acumula devido aos excessos alimentares e/ou sedentarismo.

Se algum local do contorno corporal de uma pessoa tem um desenho indesejado devido a um acúmulo de gordura regional, na verdade o que se tem a mais não é bem a gordura, mas sim os adipócitos que a acumulam. Se não houvesse esse número aumentado destas células, não haveria o aumento de volume da região. Para que as deformidades não ocorram, muita gente adota regimes espartanos de ginástica e alimentação.

Portanto quando dizemos que vamos fazer uma retirada cirúrgica de gordura através de aspiração, o que se convencionou chamar de lipoaspiração, estaremos fazendo a retirada de adipócitos, juntamente com a gordura que eles contêm, com o intuito de mudar a forma e o volume indesejado.

Até então, essa pessoa mantinha um peso dentro de um limite que não alterava tanto a região com tendência a se deformar, por exemplo, os culotes. Vamos então chamar a região com gordura sobrando de “termômetro inconsciente do peso”. Qualquer aumento de peso será detectado por um aumento de gordura nesta região quando a pessoa se olha no espelho. Após a lipo, a pessoa perde este parâmetro ao qual estava habituada a “ver” seu peso, ou seja, seu desenho ou silhueta.

O esforço que até então era feito para manter-se num peso onde o acúmulo de gordura não aparecesse tanto, após a cirurgia não será mais necessário.

Conseqüentemente, aquela feijoada ou pizza, por exemplo, que traziam tantas preocupações e culpas, não serão mais notadas no “termômetro inconsciente do peso”, pois ele não mais existe.

Sem perceber, a pessoa pode comer um pouco a mais e sem culpa, pois não ocorrerá mais o acúmulo localizado de gordura. Porém, comendo em maior quantidade, logicamente todo o corpo armazenará mais gordura e, conseqüentemente, o peso irá aumentar.

O rosto magro, o bumbum menos saliente e as mamas menores ou um pouco flácidas, aos poucos vão aumentar, pois não haverá mais o incômodo que a deformidade causava.

Portanto, o importante é entender que a nova silhueta não se deformará para o que era antes da lipo, caso a pessoa engorde. Teremos com isso causado a possibilidade de um “conforto para se alimentar”, pois as deformidades foram eliminadas pela lipo .

Podemos então até pensar em sugerir uma mudança no nome da cirurgia, pois isto poderia colocar o conceito que ela carrega em seu devido lugar!

É claro que isso não irá acontecer, pois além do termo lipoaspiração estar consagrado na cultura popular, ele é bem mais charmoso e compreensível do que adipócito-aspiração!

Por hoje é isso!

Dr Edmilson Micali

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Porque o jejum é importante antes da cirurgia?

 

Todo tipo de alimento, seja líquido ou sólido, estimula a produção de suco gástrico pelo estômago. Esse suco é constituído por vários tipos de substâncias químicas, as quais são corrosivas para outros tecidos do organismo. Isso ocorre mesmo quando bebemos água. Além disso, a saída de todo esse material do estômago demora algumas horas.

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Quando o paciente é anestesiado, a possibilidade de ocorrer refluxo de alimento de volta para a boca e para a garganta é maior, pois a pessoa estará sedada devido às medicações para dormir que são aplicadas pelo médico anestesista. Esta sedação diminui ou mesmo inibe os reflexos da tosse.

Por conta disso, esse material pode descer para os brônquios e para os pulmões, o que se configura numa ocorrência com potencial de gravidade alta, pois além do efeito corrosivo, esse material estará contendo inúmeras bactérias que poderão causar infecções graves como bronquites e pneumonias.

Habitualmente, sugerimos cerca de 8 horas de jejum para os procedimentos cirúrgicos nos quais os pacientes receberão sedativos. Isto garante que todo o material que estiver no estômago já tenha descido e sido absorvido pelo intestino.

Por tudo isso é importante seguir este aconselhamento ao pé da letra, inclusive no momento em que se escova os dentes antes de se ir para o hospital, pois aquele pequeno gole d’água que inconscientemente damos após enxaguar a boca, também pode vir a ser prejudicial!

Portanto, não nos esqueçamos: pelo menos 8 horas de jejum antes da cirurgia!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cirurgia Plástica do Abdômen

 

Juntamente com a lipoaspiração e a colocação de próteses mamárias, a cirurgia plástica da parede abdominal está entre as mais procuradas pelas pacientes. Geralmente, as que nos procuram, são as que já tiveram seus filhos e que pretendem voltar à forma física anterior a gravidez.

Bem, durante o período da gestação, o aumento do tamanho do feto vai distendendo o útero da mulher e, conseqüentemente, também esticará sua pele, gordura e musculatura da parede abdominal. A grande distensão da pele e da gordura causará sobras de pele, flacidez e estrias, principalmente até a altura do umbigo. Algumas mulheres podem apresentar as estrias por todo o abdômen, tanto na frente quanto nas laterais como, às vezes, até nas costas.

Além destas alterações da pele e da gordura, a distensão da musculatura abdominal irá causar o alargamento da cintura e a projeção da barriga para frente. Devemos considerar que algumas mulheres apresentam estas alterações mesmo sem terem ficado grávidas. Isso ocorre com freqüência nas pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica para emagrecimento e que perderam muitos quilos.

Para corrigir estas mudanças induzidas pela gravidez ou pela perda acentuada de peso, a abdominoplastia, também chamada de dermo-lipectomia abdominal ou simplesmente plástica abdominal, será o procedimento adequado.

Será retirado o excesso de pele e gordura através de uma incisão colocada na parte inferior do abdômen, bem onde a pele se dobra ao sentarmos. Quanto maior a quantidade de pele, maior a cicatriz. Nos casos mais avançados, o umbigo terá que ser reconstruído. Procuramos, hoje em dia, posicionar a cicatriz do umbigo reconstruído em sua profundidade, para que ela não seja visível ou, pelo menos, para que não chame à atenção no pós-operatório tardio. Isso permite que a mulher use um biquíni sem ser notado que tenha se submetido ao procedimento cirúrgico.

Nos casos em que a paciente não tem tanta pele para ser retirada, podemos realizar a mini-abdominoplastia, quando o umbigo não precisa ser reconstruído.

Atualmente, em quase todos os casos, associamos a lipoaspiração na frente, nas laterais e nas regiões lombares, perfazendo a lipo-abdominolastia.

É importante a prevenção da trombose venosa profunda nas veias das pernas, pois sua incidência está aumentada neste procedimento. Isso é feito com o uso de meia elástica apropriada e com aparelhos compressores da musculatura das panturrilhas durante a cirurgia. Se a paciente se utilizar de anticoncepcionais, pedimos para cessar o uso, pelo menos com 2 semanas de antecedência. Se houver o hábito do cigarro, orientamos que se pare de fumar por, no mínimo, 1 mês antes da cirurgia. Em alguns casos há a necessidade do uso de anticoagulantes por alguns dias.

A cirurgia tem um pós-operatório pouco doloroso. Para pacientes que trabalham em ocupações que exigem pouco esforço físico, 3 semanas costumam ser suficientes para retornar ao trabalho. Orientamos o uso de cintas elásticas compressivas por 2 meses e drenagem linfática para diminuir os inchaços no primeiro mês de pós-operatório. No decorrer dos futuros artigos estarei discutindo diversos outros aspectos desta cirurgia. Por hoje é isso!

Dr Edmilson Micali

sábado, 27 de novembro de 2010

O Limite Sutil entre a Alteração Estética e a Perda do Bom Senso – Transtorno Dismórfico Corporal

 

Em mais uma tarde de atendimento em meu consultório, recebi a jovem e bela paciente com 19 anos, acompanhada do namorado, estudante de computação, também novo e “bem apessoado”, ambos simpáticos e educados. Ela, aluna de medicina, fora para mim encaminhada por um amigo meu, professor de ginecologia da escola médica em que ela estava estudando.

Ao iniciarmos nossa entrevista, notei que ela se tornou um pouco tensa, passando a “desfiar um rosário” de reclamações sobre a aparência das suas mamas. Segundo seu relato, “eram caídas, moles e com os mamilos tortos e grandes”, apesar de nunca ter dado à luz. Além do que, queixava-se que elas não lhe preenchiam o “colo”, coisa que conseguia apenas com o uso de soutien com “bojo”, etc, etc e etc...

Como ela estava de camiseta justa, ao ouvi-la, passei os olhos pela sua silhueta, mas não consegui nenhuma pista. O namorado ao seu lado, impassível o tempo todo, apenas a observava. Ela, por sua vez, prosseguia em seu discurso, um tanto quanto angustiada.

Diante da futura colega de profissão, para mim, a riqueza e precisão dos detalhes na descrição das suas “frustrações anatômicas” faziam parte dos jargões e frases às quais estamos habituados no meio médico e, com atenção, fui fazendo as anotações no seu prontuário

Quando achei que era o momento, pedi a ela que se encaminhasse à sala de exame e tirasse a parte de cima de sua roupa. À sua chamada fui vê-la e, imediatamente, surpreendido pelo inesperado. Suas mamas eram perfeitas!!!! Em todos os aspectos! Não dava para criticarmos nada: formato, tamanho, mamilos, aréolas e posição no tórax. As proporções em ralação ao seu peso e altura eram um modelo de perfeição. Tudo estava de acordo com o que a cirurgia plástica e a moda atual ditam em relação à estética mamária.

Tomei o cuidado para não demonstrar minha surpresa, pois pressenti que eu estava diante de um caso não tão comum na nossa rotina, mas não tão incomum que quase nunca pudesse aparecer. O mais inusitado da história é que era uma médica! Estudante ainda, mas já praticante da medicina no hospital escola da sua faculdade.

Pois bem! Qualquer falta de tato da minha parte poderia interferir na relação médico-paciente e dificultar ainda mais a abordagem nesse tipo de situação, pois a jovem poderia sentir-se desrespeitada em seu sofrimento, mesmo que aos olhos da maioria ele não devesse existir.

Foi quando me dei conta que a resignação do namorado vinha de um sentimento de “batalha inútil”, que ele já deveria vir travando há muito tempo, para tentar convencê-la de que as mamas eram perfeitas.

Passei então a mostrar a ela desenhos da anatomia mamária na tela do computador, além de fotos de modelos e fotos de pacientes minhas já operadas. Fui lhe relatando os parâmetros que nós, cirurgiões plásticos, utilizamos para entender o que é belo e adequado do ponto de vista estético. Percebi que ela estava de pleno acordo, mas quando voltávamos ao seu caso, novamente a auto-imagem não lhe agradava.

Tentei mais duas ou três vezes convencê-la que uma suposta melhora com a cirurgia apenas acarretaria em cicatrizes, sem levar a nenhum ganho real, visto que nada havia para se modificar. Tudo em vão! A cada nova argumentação, notava um semblante de esperança em seu namorado, mas que logo se dissipava quando eu voltava objetivamente ao caso dela.

Não vislumbrando mais nada que a pudesse demover da idéia fixa, achei por bem ir direto ao assunto e lhe disse: “Acredito que você esteja apresentando o que chamamos de transtorno dismórfico corporal”. “Sugiro que você procure um psiquiatra para uma boa avaliação e possível tratamento, o qual, provavelmente, será conduzido com sessões de psicoterapia!” Com firmeza, posicionei-me! Indiquei para ela um amigo psiquiatra e lhe sugeri que se empenhasse nisso antes de voltar a mim ou de ir a algum outro cirurgião.

Seu namorado, instintivamente, deu um suspiro de alívio! Ela, por sua vez, finalmente cedeu a esta minha última argumentação e à espontaneidade do parceiro. Confessou-me que, de fato, sempre fora exigente demais com sua aparência. Relatou-me que diariamente freqüentava academia de ginástica e que não passava uma semana sequer sem comparecer a uma clínica de estética!

O casal então se levantou e nos despedimos com a sensação que estávamos fazendo o melhor. Uma pontinha de dúvida em sua expressão ainda lhe escapava ao olhar! Mas, creio que sua formação médica ajudou-a a tocar adiante.

Não tive mais notícias dela. Talvez tenha seguido meus conselhos, talvez não! De qualquer forma, dormi com minha consciência tranqüila!

Dessa vez as coisas foram bem durante toda a consulta, mas nem sempre é assim. Por vezes, quando apontamos o problema psicológico, somos obrigados a ouvir desaforos ou somos tratados com desdém.

Pacientes assim acabam “pulando” de consultório em consultório e terminam vítimas de um problema psicológico que não foi bem encaminhado. Às vezes se submetem a diversas cirurgias e, por fim, adquirem verdadeiras deformidades. Aí sim, incorrigíveis!

Exemplos assim de pessoas famosas não nos faltam: Michael Jackson deve ser o mais conhecido!

Michael Jackson 2

Mickey Rourke também nos é familiar.

Mickey Rourke 2  Mickey Rourke

Hoje na Folha de São Paulo, esse tema foi muito bem abordado pela jornalista Juliana Vines, que nos apresentou inclusive a foto da “socialite” americana Jocelyn Wildenstein, a “mulher gato” (fotos abaixo). Claro que não por ser personagem do filme do Batman, mas sim pela aparência a que chegou devido a inúmeros procedimentos cirúrgicos e cosmiátricos.

Nsses casos mais “escrachados” identificamos facilmente o transtorno dismórfico. São pacientes bem raras! Por outro lado, os casos menos acentuados, como esta paciente que mencionei, são mais comuns, porém sutis e, às vezes, por uma crença de que possamos ser mais exímios do que a natureza já bem desenhou, acabamos por operá-las! Quanto arrependimento nessas horas! Quando isso ocorre temos pela frente um problema cuja tendência é o crescimento e a frustração de ambas as partes. Uma verdadeira “bola de neve”! Esse tipo de paciente, com problema mais psicológico do que estético, nunca estará satisfeita!

Concluimos então que nada melhor que o tempo e a experiência que ele nos trás! Nos casos em que percebemos esse distúrbio e contra-indicamos uma cirurgia, não só estaremos fazendo uma boa medicina como também protegendo nosso nome no mercado de trabalho!

E, caso vocês queiram dar uma olhada na matéria da Folha, aí vai o link! Por hoje é isso!

Dr Edmilson Micali

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2611201001.htm487 mulher gato

Jocelyn Wildenstein, a “mulher gato”

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Retirada Parcial da Mama Devido a Tumor em Fase Inicial

 

Muitas das mulheres que desenvolvem câncer de mama são diagnosticadas num momento inicial da doença. A intenção, aliás, é que as pacientes com esta patologia comecem o tratamento nesta fase: quando o tumor está pequeno, pois as seqüelas causadas pela sua retirada serão menores. Além do quê, as possibilidades de cura são mais garantidas.

A retirada do tumor mamário neste estágio pode ser chamada de setorectomia ou quadrantectomia. Retira-se, em média, em torno de 1/6 a ¼ da glândula mamária.

As pacientes submetidas a esta cirurgia precisarão complementar o tratamento com radioterapia e quimioterapia. A primeira sempre!

Semelhante ao que ocorre quando se remove toda a mama (mastectomia), a maioria das pacientes têm as famosas dúvidas: “a reconstrução imediata irá prejudicar o restante do tratamento? As outras fases do tratamento irão comprometer os resultados alcançados pela reconstrução imediata?”

Volto a insistir: a reconstrução imediata da mama não interfere no restante do tratamento para o câncer! Mesmo que se necessite de radioterapia e quimioterapia, a reconstrução, no momento da retirada do tumor, não mudará o resultado do tratamento contra o câncer.

Por sua vez, a radioterapia poderá causar alguma mudança na aparência da reconstrução! Você poderá me perguntar: “como assim?“

Irei lhe explicar com calma! A radioterapia consiste na aplicação de um tipo de radiação no local onde estava a lesão, com o intuito de “queimar” eventuais células tumorais que estejam na região mamária e que passaram incólumes à retirada parcial da glândula. Esta irradiação poderá causar modificação temporária ou perene da coloração da pele, alteração da consistência da mama (um pouco de endurecimento), contraturas de cápsula quando usamos próteses de silicone, contraturas cicatriciais, etc...

A maioria destas alterações normaliza depois de poucos meses após o término da radioterapia. A mama endurecida volta à maciez habitual, assim como a coloração. Às vezes, alguns pontos rígidos podem persistir, ou uma prótese colocada tem que ser reposicionada devido a alguma mudança de posição.

Porém, nenhum desses problemas se compara às dificuldades que encontramos na reconstrução tardia! Todo o processo de cicatrização que ocorre irá impedir que possamos reproduzir as condições dos tecidos da região como eram no mesmo dia em que a quadrantectomia foi realizada, ou seja, os tecidos estarão retraídos e desviados por conta da cicatrização! Por mais que retirarmos e soltarmos estas aderências, nunca será a mesma coisa quando do momento da extirpação tumoral! Dificilmente conseguiremos dar o mesmo resultado que poderíamos ter dado no dia da retirada do tumor.

Portanto, sempre que possível, tanto na mastectomia quanto na quadrantectomia, os resultados da reconstrução serão melhores se procedermos a ela de imediato!

Até a próxima!

Dr Edmilson Micali